Keila Camila da Silva
Do verbo “natureza”
Eu natureza
Tu sol
Ele céu
Nós universo
Vós seres vivos
Eles totalidade
Ciclos
Nalgum lugar distraí-me entre flores
Que caiam e pairavam entre cores
Num ciclo de luzes e alvores.
Quiçá o vento soou outras estações,
Dessa vez aquecendo corações.
Brotaram sementes,
Gradativamente,
Florescendo a ti, mente.
Quando um gélido frio lhe fez dormente.
Mas sabes que o tempo é premente,
A ti faz ciclar e voltar a vida novamente.
Acaso é mergulhar delicadamente,
nessa energia frágil, sutil e intermitente.
Reviravoltas
A existência é uma semente.
Que brota incondicionalmente, no viver.
Se alastrando por aí num ciclo benevolente.
Quando da chuva branda que lhe rega gradualmente...
Minha mente é como o sol.
Confere a luz sucessivamente...
Coração é nutriente,
Envolto no que sente,
Em dias quentes.
Até chegar as frentes...
Frias, longas, consequentes.
Para testar as raízes avidamente.
Mas há de ter em ti, semente,
Toda a vida que se estende.
Dispersa pelo vento.
No silêncio do tempo.
Reciprocamente.
Germinando onde o sol te compreende.
Revoada
Se eu fosse um passarinho
Livre a voar...
Toda noite teria um ninho para voltar
Todo dia veria o sol vindo me acordar
E no escuro buscaria as estrelas até me encontrar
Poderia planar com o vento
E deixar a imensidão me abraçar
O céu e o firmamento sendo meu lugar...
entenderia muito mais do tempo
Do que o tempo que vem me tocar
Com as asas em movimento
Desfrutaria o sentido de amar.
Universos
A gota de água emanou entre as folhas.
A luz se espalhou pela fresta da janela.
Quando ergui os olhos,
a flor desabrochava tingindo a vida de aquarela,
onde as nuvens de algodão eram a tela.
O vento sussurrou outra harmonia.
Tingindo de canela um novo dia.
Essa melodia...
Tão leve, acolheu o espaço de energia.
Carélia Rayen Hidalgo López
Lurima Estevez Alvarez
Emigrantes africanos
Miles de africanos, razas coloridas, cuerpos esculturales, sonrisas bienhechoras,
pasaportes que caminan, mochilas para subsistir. Llegarán primero a Libia, les
dijeron, y en otro barco irán rumbo a Italia. ¡Africanos ingenuos!, pensaban los
traficantes. ¡Hombres bondadosos!, pensaban los africanos.
Miles de africanos rozaban sus cuerpos con el agua, vaivén de náuseas y vómitos
secundan los desesperados anhelos de los emigrantes. ¡Otras tierras, otros
engaños! ¡Nos negamos a perecer en el mar del Mediterráneo! Hoy son ellos,
mañana seremos nosotros, los mártires.
Miles de africanos se consumen, más cadáveres y menos hombres. El cerco de la
esclavitud aprisiona sus cuellos, con el cinto dorado y el látigo del blanco o del
mestizo absorbido por el blanco.
Miles de africanos intentan sonreír, pero se deshacen en lamentos, perjurios,
gritos. Solo las manos de Dios los cobijan y ennoblecen su alma; solo las manos
de Dios los liberan del lastre, del suicidio. Muchos los condenados, pocos los
libertos.
Miles de africanos vestidos por su tierra maldita, que despertó el ansia de tiranos y
nobles. Miles de africanos con la esperanza de oler y besar la arena de Italia.
¡Otra esclavitud, otras amarras! Sus cuerpos mecen cunas; son desoídos por
lacayos y desentierran cimientos de casas.
Miles de africanos, razas coloridas, cuerpos esculturales, sonrisas bienhechoras
que hablan, gritan, jamás callan, enarbolan carteles y consignas, pero aún portan
su mochila de emigrantes.
Lurima Estevez Alvarez